No dia 22 de agosto, Cajazeiras recebe lançamento de “Maria Olívia”, romance que resgata a força feminina através da memória e da oralidade
A obra narra a trajetória de Maria Olívia, cajazeirense nascida em 1867, conhecida por desafiar as convenções sociais e familiares do século XIX. Quinta filha de um influente político local, Olívia recusava o destino imposto às mulheres da época, influenciando outras jovens com seu comportamento independente. Entre as escolhas ousadas, decidiu por conta própria com quem iria se casar, rejeitando uniões arranjadas e afirmando que “ninguém mandava no coração”.
A postura contestadora levou o pai a interná-la, aos 15 anos, em um colégio de freiras em Fortaleza, junto com a irmã mais nova. Ainda assim, Olívia manteve a determinação e, ao se apaixonar, abandonou tudo para viver um grande amor — atitude que lhe custou o vínculo com a família, mas garantiu sua liberdade.
Segundo a escritora Aíla Sampaio, professora da Universidade de Fortaleza, Maria Olívia representa “todas as mulheres que não aceitam imposições e escolhem ser livres para decidir o próprio destino”. O livro mescla realidade e ficção, apoiando-se em memórias familiares, pesquisa histórica e recursos literários para preencher lacunas narrativas.
Helder Ferreira de Moura, sobrinho-neto da personagem, destaca que quase tudo na história é verídico, com a ficção servindo para unir os fragmentos preservados na oralidade. “Maria Olívia é autêntica, resistente e levanta a bandeira da liberdade afetiva. Quebra tratados, influencia e muda costumes”, afirma o autor, que cuidou do enredo e das anotações históricas, enquanto Aíla organizou e ficcionalizou o texto.
A narrativa é não-linear e polifônica, alternando primeira e terceira pessoa, e trazendo o presente como ponto de partida para mergulhar no passado. A pesquisa contou ainda com a colaboração de Frassales, conterrâneo de Helder radicado no Recife, interessado em preservar a memória de Olívia.
Para os autores, Maria Olívia se soma ao legado de mulheres que pensaram à frente de seu tempo e que continuam a inspirar novas gerações na luta pela igualdade e liberdade. “Ela é universal porque lembra a urgência de as mulheres gozarem de mais direitos e autonomia. Essa sempre foi a grande necessidade de cada uma”, conclui Aíla.
Redação Cultura Cz
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